quarta-feira, 23 de abril de 2014

Mourinho controla a posse inócua do Atlético e leva a decisão para Londres

Mourinho adora esse tipo de duelo. E ele é o cara pra esse tipo de situação, fez mistério, foi chato na coletiva como de praxe e surpreendeu: Quando foi divulgada a escalação do Chelsea tínhamos três zagueiros (Cahill, Terry e David Luiz) e três volantes (Lampard, Ramires e Mikel). Até a entrada de Mikel nada de muito diferente, porém o posicionamento do Nigeriano se tornava uma incógnita. Como viria o Chelsea para o duelo no Calderón?

Simeone também mudou, e surpreendeu. Diego Ribas na vaga de David Villa e Mario Suárez na vaga de Thiago, naquele que é o provável time titular. Com as escalações prontas e os propostas desenhadas, faltava saber quem tomaria a iniciativa do jogo em Madri.

Até pelo mando, tinha que ser o Atlético. Aliás, foi. Porém os comandados de Simeone foram muito bem marcados, Mourinho armou um 4-1-4-1 com Mikel a frente da zaga para protegê-la e acompanhar Diego Ribas, ao seu lado direito David Luiz era o responsável por proteger os avanços de Koke, do outro lado Lampard ficava com Raúl García. A frente, Willian e Ramires, abertos, acompanhavam os avanços de Filipe Luís e Juanfran.

Koke centralizava e ajudava Diego na armação com a bola nos pés, Rául García se aproximava de Diego Costa pelo corredor direito em cima de Cole que subia pouco. O Atlético teve 57% de posse de bola, mas não soube o que fazer com ela. Inoperância com a bola no pés, muito pelo forte setor defensivo do Chelsea, mesmo sem Cech (machucado no começo o jogo), mas muito mais pela falta de criatividade do Atlético, ou até mesmo coragem para chutar. Foram 4 finalizações pra fora, e só.

O Atlético tentou se organizar com Koke e Diego mas esbarrou num muro armado por Mourinho no 4-1-4-1 do Chelsea. 
Com linhas adiantadas do Atlético e um Chelsea ainda mais recuado, começou a etapa final. O Atlético subiu sua posse, beirando os 64% mas seguia sem saber o que fazer com ela. Com Arda Turan na vaga de Diego Ribas, Raúl García foi jogar próximo da área. Amparado aos 17 gols que fez na temporada, seus 1,83m e o bom jogo aéreo, o Atlético partiu para os cruzamentos: foram 49 bolas cruzadas na área do Chelsea, mas apenas 14 encontraram alguém para finalizar. 

Aliás os números de finalização também subiram na etapa final, foram 25 a 5 para os Colchoneros, porém apenas seis das 25 foram até a meta Schwarzer. Em número de passes o Atlético também foi superior, foram 456 passes certos dos 478 tentados (95%), no Chelsea apenas 201 toques na bola. (Footstats)

Poucos toques na bola mostraram qual era proposta, o Chelsea não quis arriscar, sem levar perigo uma vez que seja ao gol de Courtois. Nem mesmo com Schurrle na vaga de Terry o ímpeto do time mudou. Apenas a disposição mesmo, que teve Ramires ao lado de Lampard no meio, David Luiz na zaga e Schurrle aberto ao lado de Willian no 4-1-4-1, que segurou os ataques do Atlético e buscou esfriar o jogo a todo momento.

Mourinho conseguiu o que queria, esfriou o Atlético e levou a decisão para sua casa. Na semana que vem, em Londres os ímpetos devem ser diferentes, desta vez o Chelsea deve buscar jogar e o Atlético esfriar o duelo. Por tudo que já fez nesta temporada o time de Simeone e por tudo que sabe Mourinho o duelo está muito aberto. 

O Atlético se lançou ao ataque nos minutos finais, mesmo com volume e posse não traduziu a superioridade em gols, agora vai precisar fazer o resultado em Londres.


Por Rai Monteiro (@Rai_Monteiro)